terça-feira, 17 de junho de 2008

É já amanhã!

Madeira na Rota do Congresso Feminista:
Conversas Em Torno do Feminino

Dia: 18 de Junho
Hora: 19 Horas
Local: FNAC Madeira

Convidadas: Lília Remesso - Presidente da Associação para o Planeamento Familiar.
Luísa Pessanha - Presidente da Associação Protectora dos Pobres.

A Ilha na rota do Feminino: a uma semana do Congresso Feminista em Lisboa, as temáticas do Feminino continuam a ser pensadas entre nós. Que questões nos são colocadas hoje, ao repensarmos as questões de Género? Que rasto deixa a mulher madeirense na Ilha?

Nesta segunda conversa, procuraremos tematizar a exclusão social da mulher e alguns dos factores que para tal contribuem.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

A nossa conversa com Daniela Maria e Nelson Veríssimo

Foi deveras interessante a conversa na FNAC com o professor Nelson Veríssimo e com a jornalista Daniela Maria, onde participaram também outras pessoas que estiveram a conversar durante duas horas, sem intervalo e sem ser necessário inscrição prévia.
Ficamos a saber que se as mulheres quiserem se inscrever na História têm que deixar rastos, de preferência solidamente documentados. Se assim não for pouco, poderão fazer os historiadores no futuro para que a História não continue a ser escrita maioritariamente no masculino, como tem acontecido até agora.
Acho que a própria conversa pode ser um desses rastos, pois os dados apresentados pela Daniela Maria em relação ao papel da mulher na comunicação social e à sua falta de poder de decisão, mesmo que percentualmente representada nos diversos orgãos, assim como os dados históricos colocados por Nelson Verisssimo, particularmente quando falou na mulher de Gonçalves Zarco e do papel das Freiras no Convento de Santa Clara poderão ser registos a ficar para utilizações futuras.
Gostei da participação entusiasmada das e dos participantes que colocaram questões muito pertinentes e que nos devem ajudar na comunicação que vamos fazer no congresso. Foi incrivel conhecer algumas pessoas, pela primeira vez, e já estarmos a debater assuntos que nos interessam mutuamente; sem dúvida que os problemas das mulheres nos unem, embora possamos ter visões diferentes, assim como respostas distintas a dar aos mesmos.
Falámos na necessidade das mulheres terem poder sobre as suas vidas, porque o pior que pode acontecer é a dependência de outrém. Dissemos que os tempos actuais trazem grande preocupação em relação ao futuro e que existe mesmo algum retrocesso em relação aos direitos adquiridos nos últimos trinta anos devido sobretudo à situação de grande precariedade que se vive actualmente, particularmente entre os mais jovens onde muitas vezes as ideias do feminismo não são bem aceites.
Existe tanta coisa que pode ser feita a vários níveis, mas sobretudo na cultura e na partilha de saberes, pois estas são áreas fundamentais para ajudar a mudar mentalidades que Falámos na esperança de um mundo melhor onde a força das mulheres seja uma realidade. Mas para isso, há ainda um longo caminho a percorrer e o congressso feminista deve ser um grande passo que vai ajudar a que na Madeira mais mulheres (e homens) continuem a se encontrar, criando uma grande corrente que contrarie a falta de solidariedade que por vezes existe, mesmo nas próprias mulheres. continuam a desprezar o papel da mulher em todos os campos da sociedade.
Vamos fazer do Congresso Feminista o nosso ponto de encontro para futuras conversas e a próxima é já no dia 18, no mesmo local e à mesma hora.

Guida Vieira

Conversas em torno do feminino - dia 4 de Junho


A prova cabal de que as palavras são como as cerejas está na tarde/noite que tivemos no café da FNAC. Oradores assertivos e uma plateia atenta e entusiasmada fizeram as duas horas de conversa.
O ambiente informal tornou o evento muito intimista e descontraído, daí que o nosso intento tenha sido conseguido: conversar em torno das questões do feminino de forma descomplexada e agradável.
Muito positiva, a nosso ver, a intervenção activa das pessoas que se deslocaram ao local a fim de ouvirem o que os nossos convidados tinham a dizer. Colocaram-se problemas sobre a mesa, discutiram-se pontos de vista, fizeram-se exortações à reflexão, debateram-se ideias.
E venham mais: palavras e, já agora, cerejas também.

Elisa Seixas

domingo, 8 de junho de 2008

"No escurinho do cinema"

A FNAC associa-se a nós e não nos cede apenas o espaço para as conversas quinzenais, como também promove um ciclo de cinema intitulado "Na Rota Feminista".

Na semana anterior, no âmbito deste ciclo foram projectados os seguintes títulos:
02.06 - Marie Antoinette, de Sofia Coppola.
03.06 - Transe de Teresa Villaverde.
05.06 - As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola.
06.06 - Flores de Aço, de Herbert Ross

Na semana que agora se inicia, teremos a oportunidade de visionar:
09.06 - Segunda-feira, 19h30 - Tudo Sobre a Minha Mãe, de Pedro Almodovar.
10.06 - Terça-feira, 19h30 - Volver, de Pedro Almodovar.
11.06 - Quarta-feira, 19h30 - Fur de Steven Shainberg.
12.06 - Quinta-feira, 19h30 - Vida Interrompida, de Peter Jackson.
13.06 - Sexta-feira, 19h30 - A Juventude de Jane, de Julian Jarrold.

terça-feira, 3 de junho de 2008

É já amanhã!

Madeira na Rota do Congresso Feminista:
Conversas Em Torno do Feminino



Dia: 4 de Junho
Hora: 19 Horas
Local: FNAC Madeira

Convidados: Daniela Maria
Nelson Veríssimo

A Ilha na rota do Feminino: a menos de um mês do Congresso Feminista em Lisboa, as temáticas do Feminino chegam antecipadamente até nós. Que questões nos são colocadas hoje, ao repensarmos as questões de Género? Que rasto deixa a mulher madeirense na Ilha?

"Não se considere esta questão como antecipadamente decidida pelos factos e pelas opiniões existentes, mas sim aberta à discussão sobre os seus méritos, como questão de justiça e conveniência."
Stuart Mill


Porque é a conversar que a gente se entende, convidámo-lo(a) a comparecer na FNAC e a debater connosco as nossas relações a dois.

domingo, 1 de junho de 2008

A semana passada aconteceu

Conferência de Imprensa de apresentação dos objectivos das iniciativas que terão lugar na Região.



O início dos trabalhos: A FNAC é nossa parceira nas iniciativas que terão lugar ao longo do mês de Junho.


Ao longo do mês de Junho:

1 - Madeira na rota do Congresso Feminista - Conversas em Torno do Feminino:
a primeira 4 e a segunda a 18 de Junho, na FNAC, pelas 19 horas.

2 - Ciclo de Cinema subordinado à temática.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Feminismo sossegadinho*

Robert Doisneau

Se dúvidas houvesse sobre a pertinência de um congresso feminista 80 anos depois do último, o bastonário da Ordem dos Advogados desfê-las com as declarações que, um pouco por todo o lado suscitaram algum repúdio público. Não fiquei particularmente surpreendida, porque é este o discurso cada vez mais dominante: não são precisas medidas efectivas sobre estas questões, já que está tudo mais ou menos resolvido, já que estamos muito melhor que há vinte anos (e se pensarmos em relação a oitenta...). O discurso do "já não é preciso" é, na minha perspectiva, perigoso, na medida em que substima e escamoteia problemas reais, procurando despi-los da sua real dimensão. Aliás, o exemplo apresentado ilustra ess discurso cada vez mais disseminado entre homens e mulheres, que se dizem e querem emancipados.
Não tenhamos dúvidas: eu, cidadã do Estado Português, nunca me vi envolvida em nenhuma situação de violência doméstica; eu, nascida na Ilha da Madeira, tive acesso à educação e à possibilidade de me tornar uma cidadã com participação activa. Contudo, não é a partir do meu exemplo que pauto todos os outros. Sei, porque vejo adolescentes que continuam a ser educadas para o universo do lar, adestradas para a obediência e para poucas ambições fora desse plano. Sei, porque ouço adolescentes que continuam a referir-se às primeiras namoradas como propriedade, e os planos futuros construirem-se sobre uma ideia de um casamento que lhes traga uma mulher que lhes faça a comida. Sei, porque lhes ouço os comentários sobre como o ciúme é uma prova de amor, de preocupação, de carinho. E preocupa-me que digamos que agora está tudo bem - preocupa-me que alguém com responsabilidades acrescidas, como o Bastonário da Ordem dos Advogados, considere pertinente retrocedermos no que foi conseguido ao longo deste tempo e evoque - de forma mais polida, é certo - o velho ditado que entre marido e mulher ninguém deve meter a colher. E temos os dezassete óbitos destes primeiros meses de 2008 a confirmar a justeza de um retrocesso da natureza que o senhor evoca.

*A expressão é da autoria da Isabela, de O Mundo Perfeito.

Elisa Seixas

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Madeira na rota do Congresso Feminista 2008 - Conferência de Imprensa

A UMAR, através do seu núcleo Regional de apoio ao Congresso Feminista 2008, convida os orgãos da comunicação social regional a estar presente numa conferência de imprensa que terá lugar no dia 28 de Maio, pelas 11 horas, no Café da FNAC, Madeira Shoping.

Esta conferência tem como objectivos divulgar a realização do Congresso Feminista 2008 que vai realizar-se em Lisboa entre os dias 26 a 28 de Junho e anunciar as iniciativas de âmbito regional integradas no mesmo, iniciativas essas que têm como lema Madeira na Rota do Congresso Feminista.

Desde já agradecemos a vossa presença.

Célia Pessegueiro
Elisa Seixas
Guida Vieira

Contacto:
madeiranofeminino@gmail.com

domingo, 25 de maio de 2008

Este é o MEU corpo

"A ela cabe tudo que é belo, até mesmo a própria palavra beleza... é uma boneca... estou cansada dessa farsa."
Germaine Greer

A farsa está presente em todos os quadrantes da nossa organização social. e apetece citar o poema de Wordsworth, e o esplendor na relva, a glória da flor aqui resume-se à aparência: ao parecer jovem e, acima de tudo, ao (a)parecer magra, que o resto é interdito.
Efectivamente, estamos peranteuma farsa, em que a mulher é, por excelência o elemento principal, mas também atenta espectadora. Deixa-se encarcerar nos padrões impossíveis criados por rostos anónimos que, antes como hoje, lhe ditam comportamentos e formas de estar aceitáveis ou não. E a mulher, não contente com o facto de se castigar, de punir o seu corpo e tentar transformá-lo à força no que não é - nem tem de ser - estende essa obsessão ao corpo das outras.
Agora como no princípio: o corpo, sempre o corpo: corpo belo, corpo deformado, novo corpo, corpo novo, corpo a esconder, corpo velho, corpo a mutilar, belo corpo, corpo gozado, corpo feio, corpo público. Para quando simplesmente corpo?
Elisa Seixas

Actualização: Comentário da Célia Pessegueiro

É um texto muito pertinente, sobretudo para a época que se avizinha. Os corpos ficam mais expostos devido ao calor que se faz sentir e a mentalidade dos novos tempos empurra, sobretudo as mulheres, para o abismo da perfeição. Este é o MEU corpo em vez de "o corpo é meo", passe a publicidade, determina a atitude confiante com que olhamos para o nosso corpo que é, em grande parte, como deixamos que os outros olhem para nós.

sábado, 17 de maio de 2008

Pecado Original

Salvador Dali

O pecado original da mulher foi ousar-se pensar. Ou melhor, o pecado da mulher - o original - foi o de ousar-se pensar em voz alta, num tom audível aos homens e às restantes mulheres, que continuam a vê-la menos que homem.
A mulher agigantou esse pecado quando saiu da sua esfera e ousou também ela pensar o homem, e as relações do homem. Tornou-se, também ela, ser político. E este último atrevimento ainda não lhe foi perdoado. Num espaço predominantemente masculino, a mulher consegue a pulso reinvindicar um espaço que seja também seu e permite-se, escandalosamente, a regressar do exílio a que foi votada.

À mulher não é reconhecido, naturalmente, mérito. O "naturalmente" aqui evocado prende-se à linha de raciocínio mais comum e que efectua um percurso inverso, consoante o género: o homem é competente até prova em contrário. A mulher, por outro lado, é incompetente até prova(s) em contrário. Ainda assim, pelos corredores, persiste na voz em surdina de outros homens e outras mulheres, alusões a esse espaço conquistado: sempre pouco lícito, troco de corpo - esse campo de batalha sangrento, onde sempre tombou a dignidade feminina, mas nunca a masculina.
Porque foi sempre considerada o pecado mais secreto do homem, em segredo era esperado que permanecesse. A sua ousadia é, por isso, sem limites. Imperdoável.
Persiste a diáspora feminina.


Elisa Seixas

terça-feira, 6 de maio de 2008

Violência Doméstica: um flagelo dos velhos e dos novos tempos

Continua a entrar pelas nossas casas a informação de que continuam a morrer muitas mulheres por crime de violência doméstica. Só no primeiro trimestre deste ano já morreram 17 mulheres; outras ficaram afectadas para toda a vida, muitas em estado grave, conforme anunciou a UMAR em conferência de imprensa.
Ainda há poucos dias, na Madeira, soubemos que um homem na Serra de Água matou a tiro a ex-mulher e depois deu cabo da própria vida. Ouvimos, sobre esse caso, alguns vizinhos referirem que “o homem até era boa pessoa, mas que andava de cabeça perdida porque nunca aceitou o divórcio como solução para a má relação conjugal”.
O mais preocupante são as desculpas para encontrar explicações para um crime tão horroroso como este, a passividade com que muitas pessoas ainda encaram os maus tratos na chamada esfera do lar, considerando quase normal que “entre marido e mulher ninguém meta a colher”.
A violência doméstica, quer fisica quer psicológica, é um crime considerado público, o que quer dizer que qualquer pessoa pode ter um papel na denúncia destas situações. Quando souber que a sua vizinha, a sua amiga ou a sua familiar está a ser vítima deste crime deve denunciá-lo às autoridades sem qualquer complexo de culpa, porque está apenas a cumprir um dever de cidadania e de defesa dos direitos humanos.
Existem mulheres que ainda preferem dizer que deram uma queda ou que bateram com a cabeça numa porta, a reconhecerem que são maltratadas, porque têm medo e vergonha do que venha a acontecer. A essas temos que dizer que é sempre preferível assumir, enquanto ainda há tempo, do que se fechar e não partilhar o seu sofrimento, já que está provado que depois de acontecer uma vez acontecerá outras vezes e que os presentes e as flores que o agressor lhes oferece são presentes envenenados que durarão poucas horas ou dias.
Ninguém merece sofrer maus tratos; todos somos seres humanos e a mulher merece ser tratada com respeito e dignidade. Esta, entre outras temáticas, será debatida no Congresso Feminista. Acima de tudo somos pacifistas, queremos paz para todos os seres humanos - para as mulheres em particular, pois são elas que continuam a ser maltratadas, pela vida e pelos seus mais próximos.
Ninguém é dono de ninguém!


Guida Vieira

domingo, 4 de maio de 2008

Somos chamadas a responder


Há sensivelmente quase dois anos, inscrevi-me no fórum da Associação Portuguesa da Infertilidade. Não porque desejasse ser Mãe, mas porque sou muito próxima de quem queria e estava com enormes dificuldades em sê-lo. Conheci uma realidade que até então me passava ao lado. Eu, feminista assumida há uma data de anos, havia esquecido esta outra face: zelar e reivindicar pelo direito à maternidade.

Na altura, fui contactada por uma Mãe desejante da Região, que apenas queria partilhar dor. Acho que a decepcionei, quando lhe expliquei que apenas estava no fórum por solidariedade com alguém querido, mas que estaria disponível para um café, se assim ela o quisesse. Nunca me respondeu, suponho porque temesse não ser compreendida. Tenho a certeza que não, pelo menos, plenamente. Nunca me detive nestas questões, mas suponho que deva ser muito solitário. Mesmo a dois. Quando todos fazem perguntas; quando alguns são maldosos; quando se torna arma de arremesso…

Lembro-me de um programa que foi feito sobre a infertilidade num canal português; lembro-me de ouvir uma mulher que defendia que a infertilidade resultava dos comportamentos emancipatórios das mulheres, que não tinham filhos aos 20 e tentavam apenas quase aos 30 - que não ela, que fora corajosa e os tivera na idade certa e se congratulava pela sua fertilidade. Na verdade exibia-a como um troféu, esfregava-a maliciosamente nas pessoas participantes do programa, algumas com o drama da infertilidade em suas vidas. Lembro-me de ter lido, no fórum, os comentários que estes casais, que estas mulheres suportam. Dos familiares. De outras mulheres. De amigos. De conhecidos. De desconhecidos – como a mulher que telefonou para o tal programa a destilar condenações…
Parece-me urgente que respondamos ao apelo que estas mulheres fazem. Também somos chamadas a responder neste âmbito, em prol de mulheres que enfrentam tratamentos dolorosos, comentários maldosos, cobranças imbecis que apenas as ferem no seu âmago. É preciso trazer à agenda feminista as questões ligadas à infertilidade, da mesma forma que tornamos nossas (e bem) as questões da fertilidade. É preciso sacudir consciências e políticas.

Elisa Seixas

"No princípio era o Verbo"

Portanto, o lugar natural será a palavra. O silêncio também tem o seu lugar, pois o silêncio também fala, embora o seu registo seja diferente. O silêncio fala no olhar, no toque, na pungente mudez da palavra não dita.
A nossa história constitui-se de uma profusão de palavras babélicas, mediada pelos silêncios dos que perdem. Um desses silêncios foi o silêncio feminino. Das mulheres que durante séculos se deixaram ficar na sombra, no (des)conforto da privacidade do território doméstico. Não se escreveram. Deixaram-se escrever.
A conquista da escrita é também a conquista do pensamento - feminino. Da capacidade de se pensar e pensar as relações. O perigo terrífico da libertação da mulher passou pelos bancos das escolas, pela abertura ao fascínio das palavras a negro em papel branco. Pela capacidade de as repetir em voz alta e de as reler no seu íntimo. A partir daí, estabeleceram-se fios condutores, aparentemente frágeis, pequenas teias que lhe deram a oportunidade de se lançar no mundo e reinventar o seu papel.
A mulher ressurgiu no dia em que balbuciou o primeiro texto, reinventou-se no momento em que empunhou a primeira pena e desenhou-se em letras. Continua a escrever-se e a reinventar-se em cada minuto, dia, ano e século que passa. O presente blog apenas pretende fazer parte dessa escrita plural, uma pequena inscrição feminina na tentativa de combater a usura do tempo e da memória.
Aqui, procurar-se-á escrever mulher, mulher na ilha, mulher da ilha. Porque Ilha, tal como mulher, se declina no feminino - e também a Ilha precisa inscrever-se/reescrever-se nas actas do País a que pertence.

Elisa Seixas

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Génese

O presente blog tem por objectivo colocar a Ilha na rota do feminismo/feminino, o que equivale a dizer que pretende colocar a Ilha na rota do Congresso Feminista que terá lugar entre 26 e 28 de Junho, em Lisboa. É organizado pela UMAR - União de Mulheres Alternativa Resposta - à qual se juntou uma vasta Comissão Promotora, tornando-o um evento incontornável, em 2008. Acresce o facto de que acontece no ano em que se celebram os oitenta anos sobre o segundo grande congresso sobre a(s) temática(s) do(s) feminismo(s).

A primeira questão que se coloca é se o tema se mantém pertinente oitenta anos depois. A resposta é, clara e indubitavelmente, sim. Com outros contornos, com um agendamento diferente, com questões novas (e velhas também), já que as questões feministas ainda se encontram a caminho, não tendo encontrado ainda porto seguro.

O Congresso Feminista 2008 tem a pretensão de constituir-se um desses marcos de acolhimento e convite à reflexão que se quer revestida de carácter científico e, simultaneamente, interventivo. Para tal, teremos à mesa as/os principais investigadoras e investigadores do campo dos Estudos Sobre as Mulheres em Portugal, bem como as/os principais activistas que estiveram, estão e tencionam continuar a estar na luta por uma efectiva transformação social que promova a igualdade e respeito, nomeadamente entre géneros.

Por tudo isto, seria impensável - e imperdoável - que a Região Autónoma da Madeira não se colocasse na sua rota, tendo no seu seio três das fundadoras da UMAR, a saber, Conceição Pereira (dirigente durante muitos anos), Guida Vieira e Assunção Bacanhim. A estes nomes, juntam-se agora Célia Pessegueiro e Elisa Seixas, formando assim o núcleo duro da equipa de trabalho madeirense para o Congresso. Porque é tão urgente levar a Madeira ao Congresso Feminista quanto é trazer o Congresso Feminista à Madeira.

Aqui daremos conta de como chega até nós.