terça-feira, 6 de maio de 2008

Violência Doméstica: um flagelo dos velhos e dos novos tempos

Continua a entrar pelas nossas casas a informação de que continuam a morrer muitas mulheres por crime de violência doméstica. Só no primeiro trimestre deste ano já morreram 17 mulheres; outras ficaram afectadas para toda a vida, muitas em estado grave, conforme anunciou a UMAR em conferência de imprensa.
Ainda há poucos dias, na Madeira, soubemos que um homem na Serra de Água matou a tiro a ex-mulher e depois deu cabo da própria vida. Ouvimos, sobre esse caso, alguns vizinhos referirem que “o homem até era boa pessoa, mas que andava de cabeça perdida porque nunca aceitou o divórcio como solução para a má relação conjugal”.
O mais preocupante são as desculpas para encontrar explicações para um crime tão horroroso como este, a passividade com que muitas pessoas ainda encaram os maus tratos na chamada esfera do lar, considerando quase normal que “entre marido e mulher ninguém meta a colher”.
A violência doméstica, quer fisica quer psicológica, é um crime considerado público, o que quer dizer que qualquer pessoa pode ter um papel na denúncia destas situações. Quando souber que a sua vizinha, a sua amiga ou a sua familiar está a ser vítima deste crime deve denunciá-lo às autoridades sem qualquer complexo de culpa, porque está apenas a cumprir um dever de cidadania e de defesa dos direitos humanos.
Existem mulheres que ainda preferem dizer que deram uma queda ou que bateram com a cabeça numa porta, a reconhecerem que são maltratadas, porque têm medo e vergonha do que venha a acontecer. A essas temos que dizer que é sempre preferível assumir, enquanto ainda há tempo, do que se fechar e não partilhar o seu sofrimento, já que está provado que depois de acontecer uma vez acontecerá outras vezes e que os presentes e as flores que o agressor lhes oferece são presentes envenenados que durarão poucas horas ou dias.
Ninguém merece sofrer maus tratos; todos somos seres humanos e a mulher merece ser tratada com respeito e dignidade. Esta, entre outras temáticas, será debatida no Congresso Feminista. Acima de tudo somos pacifistas, queremos paz para todos os seres humanos - para as mulheres em particular, pois são elas que continuam a ser maltratadas, pela vida e pelos seus mais próximos.
Ninguém é dono de ninguém!


Guida Vieira

1 comentário:

Unknown disse...

Este problema é um dos mais graves que a mulher enfrenta. Ainda hoje falei com um homem que manifestou o seu horror por estas vitimas contou-me que se está a divorciar mas que nunca pensou em agredir a sua companheiro e que até vai continuar seu amigo para educarem a filha que têm em comum. Fiquei contente por estes também existirem.