quinta-feira, 3 de julho de 2008

Fomos mais - a conversa de 18 de Junho

Anunciamos duas convidadas. Tivemos cinco.
A Lília Remesso e a Luísa Pessanha juntou-se a Dr.ª Altina Barros e a Dr.ª Teresa Carvalho. A primeira está afecta à Segurança Social de Câmara de Lobos; a segunda, da Equipa de Apoio às MulheresVítimas de Violência Doméstica. A juntar a este magnífico painel, tivemos a participação da Professora Helena Borges, da ONG Presença Feminina, responsável por magnífico trabalho também na área da violência doméstica.
A conversa esteve, portanto, bem lançada. Primeiramente, tomaram a palavra cada uma das nossas convidadas, e o público presente teve a oportunidade de conhecer uma outra face da nossa realidade. Falou-se de precariedade, de pobreza, de violência, de crianças. De linhas de emergência, de acolhimento, de cuidadores. Falou-se de mendicidade e de abrigos. De casas e da falta delas. De violência nas casas.
Primeiramente, tomou a palavra a Dr.ª Lília Remesso, que apresentou o trabalho realizado até aqui pela Associação para o Planeamento Familiar. Da sua vocação para a formação e informação, nomeadamente a hábitos mais saudáveis de relacionamentos a dois - do desenvolvimento da noção dos direitos sexuais e reprodutivos, bem como o desenvolvimento de competências parentais, nomeadamente nas populações mais jovens.
De seguida, foi dada a palavra a Luísa Pessanha, que apresentou a face oculta da Associação Protectora dos Pobres, muito para além da sopa que é comummente conhecida. Falou-nos de realibilitação e de auto-estima - da devolução da humanidade a homens e mulheres que se desapossaram dessa dimensão e que a determinada altura se julgaram indignos dela.
A Dr.ª Altina falou-nos do trabalho desenvolvido num dos concelhos mais problemáticos - e que é também o mais jovem a nível europeu. Neste concelho mais jovem, 95% das pessoas atendidas - e, portanto, carenciadas - são mulheres. Não será estranho, se ponderarmos que geralmente não pedem só por si mesmas. Um outro dado pertinente remete para o facto de as queixas em relação a violência doméstica aumentam nas zonas mais rurais do concelho.
A Dr.ª Teresa Carvalho alertou, por outro lado, para a total desesperança de que as mulheres sobreviventes de casos de violência sofrem. São, segundo as suas inspiradas palavras " ilhas na própria família". Abordou a ambivalência destas situações, dos desejos pouco claros, da dificuldade de discernimento e da confusão de afectos. Abordou também a perspectiva do maltratante a apontou para caminhos que podem remeter para a total recuperação de algumas relações que parecem quebradas. Apontou caminhos de mediação que restabelemcem laços de ternura.
Do outro lado, a Professora Helena Borges apresentou o magnífico trabalho da Presença Feminina, que desde 1995 tem efectuado um magnífico trabalho, apesar da escassez de apoios e de espaço. Para além da linha de apoio, detém uma casa-abrigo que tem constituído um balão de oxigénio para muitas mulheres sobrevivente de violência doméstica.
Foram mais de duas horas de conversa em que muito ainda ficou por dizer e discutir. Concluímos a conversa que ia longa, com a promessa de uma reedição.


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